Ao final do ano de 2022, o setor de serviços do Brasil registrou um saldo positivo de 8,3%, ampliando o distanciamento com relação ao nível pré-pandemia para 14,4% acima do volume apresentado em fevereiro de 2020. Apenas em dezembro, o setor cresceu 3,1%, renovando o patamar histórico da pesquisa, iniciada em 2011.
Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços, divulgada nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Luiz Almeida, analista da pesquisa, a intensificação na retomada de serviços presenciais após os períodos de isolamento e distanciamento social de 2020 e 2021 ajuda a explicar a expansão em 2022.
Almeida destacou o ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (13,3%), a principal influência para o resultado do ano
“O setor de transportes cresce desde 2020, mas com dinâmica diferente: inicialmente, por causa da área de logística, com alta nos serviços de entrega, em substituição às compras presenciais. Já em 2022, há a manutenção da influência do transporte de carga, puxado pela produção agrícola, mas também pela reabertura e a retomada das atividades turísticas, impactando o índice no transporte de passageiro”, disse o pesquisador.
O segundo setor com maior impacto foi o de Serviços profissionais, administrativos e complementares, com alta de 7,7%.
Neste caso, o destaque vai para ramos como empresas de locação de automóveis, serviços de engenharia, soluções de pagamentos eletrônicos e organização, promoção e gestão de feiras, congressos e convenções.
A terceira influência foi em serviços prestados às famílias (+24%), puxada por segmentos como restaurantes, hotéis, buffet, catering e condicionamento físico.
O campo das altas é fechado pelo setor de informação e comunicação, com avanço de 3,3%
O único segmento a apresentar retração no ano de 2022 foi o setor de outros serviços (-2,1%), sob a influência de serviços financeiros auxiliares como corretoras de títulos e valores mobiliários, administração de bolsas e mercados de balcão organizado, e administração de fundos por contrato ou comissão.
O pesquisador explicou que o movimento também tem a ver com a retomada de serviços presenciais, mas de maneira inversa.
“Durante os períodos de isolamento mais severos, as famílias de maior renda, que participam mais desse segmento, realocaram o gasto para esse setor. Com a retomada pós isolamento, a leitura é que a distribuição investimentos mudou, com uma realocação dos gastos familiares”, analisou Almeida.
Alta em quatro das cinco atividades em dezembro de 2022
Na passagem de novembro para dezembro, o volume de serviços no Brasil cresceu 3,1%, na série livre de influências sazonais. A alta vem após perda acumulada de 1% nos meses de outubro e novembro.
No período, quatro das cinco atividades pesquisadas cresceram.
Assim como o saldo anual, o destaque também foi para o para setor de transportes (2,5%), que soma o segundo resultado positivo seguido, acumulando alta de 3,1% Também contribuiu o segmento de outros serviços (10,3%), eliminando a perda registrada em novembro (-3,3%).
Serviços profissionais administrativos e complementares (3,0%) e serviços prestados às famílias (2,4%) foram os demais crescimentos.
O primeiro registrou o segundo resultado positivo consecutivo, com ganho acumulado de 3,6%; já o último eliminou as perdas acumuladas no período de outubro a novembro, quando apresentou queda de 1,8%.
Porém, o único setor que fechou o mês no campo negativo foi o de serviços de informação e comunicação. Esta é a segunda queda consecutiva, acumulando perda de -2,9% nos meses de novembro e dezembro. Antes, o segmento apresentou uma sequência de quatro taxas positivas (entre julho e outubro), acumulando alta de 5,1%.
Crescimento por em 26 Estados em 2022
No acumulado do ano, a alta no volume de serviços no Brasil foi vista em 26 Unidades da Federação (UF). O destaque vai para:
- São Paulo: 9,7%;
- Minas Gerais: 11,2%;
- Rio de Janeiro: 4%;
- Rio Grande do Sul: 11,3%;
- Pernambuco: 11,2%;
- Paraná: 4,4%;
- Mato Grosso: 13,8%.
Apenas o Distrito Federal (-1,6%) fechou o ano em queda.
Já na passagem de novembro para dezembro houve altas em 22 das 27 UFs, com a principal influência ficando com o Rio de Janeiro (5%), seguido por São Paulo (0,8%), Minas Gerais (4,6%) e Distrito Federal (13,4%).
Alta de 4,1% no Turismo em dezembro
Após ficar estável em novembro, o agregado especial de atividades turísticas cresceu 4,1% em dezembro de 2022. Com isso, o segmento demonstrou alta de 29,9% no ano de 2022, com registro de fechamento anual positivo em 12 locais.
O destaque são: São Paulo (36%), seguido por Minas Gerais (49,4%), Rio de Janeiro (16,1%), Rio Grande do Sul (35,8%) e Bahia (23,4%).
O setor está 1,5% acima do patamar pré-pandemia (fevereiro de 2020) e 5,5% abaixo do ponto mais alto da série, alcançado em fevereiro de 2014.
Transportes de passageiros e de cargas
O volume de transporte de passageiros no Brasil teve alta de 7,1% em dezembro, frente ao mês imediatamente anterior.
O resultado faz o segmento acumular ganhos de 11,1% nos dois últimos meses do ano, fechando 2022 com alta de 29,2% – patamar 5,4% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia) e 18,2% abaixo de fevereiro de 2014 (ponto mais alto da série histórica).
No caso dos transportes de cargas, a alta foi de 1,4% em dezembro e 15% em 2022. O setor está 0,6% abaixo do ponto mais alto de sua série, alcançado em agosto de 2022, e 33,4% acima do nível pré-pandemia, de fevereiro de 2020.
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