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Gestores criticam ataques do governo sobre independência do BC; “Brasil às vezes é cansativo”

As críticas sobre a atuação do Banco Central pelo presidente Lula e outros membros ligados ao governo se intensificaram nas últimas semanas e vêm provocando desconforto no mercado financeiro, que defende total autonomia da autoridade monetária.

Na sua última reunião, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) manteve a Selic em 13,75% ao ano, como já era esperado pela maior parte dos especialistas. A decisão, no entanto, foi alvo de críticas contundentes do presidente Lula.

“Não existe justificativa para a taxa de juros estar em 13,75%. É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que deram para a sociedade brasileira”, afirmou Lula no dia 8 de fevereiro.

No entanto, economistas e especialistas do mercado financeiro discordam e argumentam que a Selic em 13,75% é necessária para conter as pressões inflacionárias.

Além disso, as críticas do governo em relação à atuação do Banco Central contribuem para diminuir a confiança de investidores e piorar a percepção de risco no mercado financeiro brasileiro.

“Os constantes questionamentos sobre a meta de inflação e ataques à independência do Banco Central mantém os prêmios de risco, especialmente na curva de juros, bastante altos, e afetam diretamente o valuation das ações […] Mantemos a visão que expressamos em nossa última carta: existe muito ruído (mas também algum sinal) nessas declarações dos políticos”, afirmou a Verde Asset, em sua última carta divulgada aos cotistas.

A equipe de gestão da Laic Asset Management também se manifestou contra os questionamentos do governo sobre a atuação do BC. Em comunicado aos cotistas, a gestora de recursos destaca a forte oscilação de ativos devido aos ruídos.

“Brasil, às vezes, nos é tão cansativo, que é como se um dia aqui valesse por dois ou três dias normais (…) Aqui no Brasil você observa, em apenas dois pregões, um DI Futuro intermediário como o Janeiro 2027 oscilar de 13,39% na máxima, a 12,88% na mínima (51 bases points), entre um dia e outro, e tal volatilidade em um DI intermediário como esse (DI de 4 anos) já ficou tão normalizada na cabeça dos investidores locais que isso parece uma coisa natural, aceitável, sem nenhuma peculiaridade”, afirma o texto.

“E infelizmente, pela “enésima” vez neste país, a influência vem do setor público. Vem do Executivo Federal. Vem do próprio Presidente da República, que resolveu, de forma raivosa, criticar praticamente em base diária a política monetária do Banco Central do Brasil, sua independência e suas justificativas para a manutenção da meta Selic a 13,75%”, continua a gestora.

Primeira indicação técnica ao BC do governo Lula

A equipe de gestão da Meta Asset destaca que este mês expira o mandato de Bruno Serra Fernandes, diretor de política monetária do Banco Central, cargo considerado extremamente técnico.

“Teremos o primeiro teste da verdadeira visão que o Governo Lula tem em relação ao Banco Central. Quem Lula irá indicar? Qual o perfil de profissional?”, questiona a gestora, em carta aos cotistas.

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