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Fim da “era do dinheiro barato”: países aceleram aumento de juros para combater inflação

Após sofrerem durante muitos meses com uma inflação bem acima da média, a maior parte dos países vem aumentando as suas taxas básicas de juros de forma mais acentuada para tentar conter o avanço generalizado de preços.

De acordo com levantamento da Bloomberg divulgado pelo economista e CEO da Convex Research, Richard Rytenband, mais de 60 bancos centrais do mundo todo aumentaram a taxa de juros em ao menos 50 pontos base de uma única vez em 2022.

“Depois de muita complacência, os bancos centrais estão tentando correr atrás da curva da inflação”, afirma Rytenband. O economista acrescenta que esta dinâmica aumenta o custo do capital para empresas, famílias e governos. “Este cenário pega em cheio quem exagerou nas dívidas”, alerta;

Um exemplo recente deste movimento foi feito pelo BCE (Banco Central Europeu), que decidiu aumentar a taxa de juros principal da zona do euro em 0,5 ponto percentual, de -0,5% para 0% ao ano nesta semana. Este foi o primeiro aumento de juros em 11 anos.

O BCE decidiu iniciar o ciclo de aperto monetário para conter o avanço da inflação na Europa. Esta semana, a agência Eurostat mostrou que a inflação na zona do euro atingiu o recorde de 8,6% em junho na comparação com o mesmo mês de 2021. Em maio, a inflação anual no bloco havia sido de 8,1%.

Em entrevista concedida após a decisão, a presidente do BCE, Cristine Lagarde, afirmou que que a atividade econômica está desacelerando no continente diante do entre Rússia e Ucrânia, que já dura cinco meses.

Estados Unidos

Nos EUA, o Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, subiu os juros do país na última reunião (realizada em junho) para faixa de 1,5% a 1,75% – uma alta de 0,75 ponto percentual. O aumento da taxa é o maior desde o ano de 1994.

Esperado pela maior parte do mercado, o reajuste implica em uma intensificação da política monetária para combate à alta generalizada dos preços na economia norte-americana.

A votação para o aumento da taxa de juros foi composta por dez votos a favor e apenas um contra.

Os integrantes do comitê de política monetária afirmaram que os ganhos de salários foram robustos nos últimos meses e a taxa de desemprego permaneceu baixa. Já a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços.

Outros países

Brasil

Aqui no Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária) aumentou a Selic, taxa básica de juros do país, em 0,5 ponto percentual para 13,25% ao ano na última reunião (realizada dia 15 de junho).

A este nível, a taxa Selic está atualmente em seu maior patamar desde dezembro de 2016, quando estava em 13,75%.

O aumento é o 11º consecutivo desde o início do ciclo de ajustes monetários iniciado em março de 2021, quando a Selic estava em um piso histórico de 2%, devido à pandemia.

Chile

Esta semana, o Banco Central do Chile elevou sua taxa básica de juros em 0,75 ponto porcentual, de 9,00% para 9,75% ao ano. O valor é o maior em 24 anos.

Os membros do comitê de política monetária do país afirmaram que para que a inflação caía para a meta de 3% em até dois anos, serão necessários ajustes adicionais nos juros básicos. Na última decisão, um aumento de 75 pontos base já havia sido efetuado.

África do Sul

Na última quinta-feira (21) o Banco Central da África do Sul decidiu subir a taxa básica de juros em 75 pontos-base, para 5,50% ao ano.

Em comunicado, o BC destacou o quadro na inflação, com revisões para cima nas expectativas para os preços. A entidade vê um período de “persistente inflação elevada” e crescimento global mais fraco, com as condições econômicas no mundo “ainda frágeis”.

Canadá

Na semana passada, o Banco Central do Canadá anunciou aumento da taxa básica de juros (overnight) em 1 ponto percentual, de 1,5% a 2,5% ao ano. A taxa bancária foi elevada a 2,75% e a taxa de depósitos, a 2,5%.

O BC afirmou que a inflação no Canadá é mais alta e mais persistente do que o esperado em seu relatório de política monetária de abril e provavelmente permanecerá em torno de 8% nos próximos meses.

“Embora fatores globais, como a guerra na Ucrânia e as interrupções contínuas de fornecimento, tenham sido os maiores impulsionadores, as pressões domésticas sobre os preços devido ao excesso de demanda estão se tornando mais proeminentes” disse o banco em comunicado.

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